mochila, caminhadas, conversas semanais de viagem de Lúcio Packter
com os colegas que vão à Grécia em setembro de 2009 - parte XI
escrito em 17 de novembro de 2008
Filosofia Clínica
Grécia/setembro de 2009
Querido colega,
Umas palavrinhas sobre aviões.
Chicletes, água, bocejo para desentupir os ouvidos. Água para hidratar o corpo. Evitar excesso de álcool, pois este tem o efeito potencializado nas alturas. Aceitar lanches, jantar, aperitivo, tudo o que a equipe de bordo oferecer, pois é uma distração interessante. Ler, ouvir música, conversar sobre os Alpes suíços. Viajar com um moletom confortável. Uma meia confortável, de lã, para poder ficar sem sapatos dentro do avião. Dramin para enjôo. Levantar, fazer um breve passeio pelo corredor sem incomodar ninguém. Palavras cruzadas. Dormir. Almofadinhas para o pescoço. Enfim são estas algumas sugestões corriqueiras que o pessoal acostumado a viajar freqüentemente recomenda.
(o mesmo lugar hoje e como era há 2500 anos.)
Você caminha pela sala de embarque e avista pelas vidraças aquele colosso estacionado, um Airbus A330, com os porões abertos, malotes imensos sendo carregados por esteiras mecânicas e pequeninos homens uniformizados. Logo você que tem 1,65 metros, pesa 72 quilos, carrega com certo esforço sua bagagem de mão de 5 quilos. Aquela nave estacionada que levará mais de 220 pessoas, decolará com inacreditáveis 230 toneladas e levitará a mais de 10 mil metros de altura e silenciosamente deixará aquele risquinho branco nos céus a uma velocidade de 900 quilômetros por hora, aquela nave é muitas vezes a primeira obra de arte a ser fotografada ao seu lado, geralmente durante o embarque, e depois durante o vôo. Trata-se do maior ser vivo do planeta, como dizem alguns pilotos. Se for a sua primeira viagem, o avião será um dos eventos marcantes, provavelmente. Talvez você ache tudo muito interessante, a TV que existe em cada poltrona, o serviço de bordo, a tecnologia nos sanitários, as luzes.
A partir do retorno, algumas considerações já serão outras. Muitos percebem que existem aviões muito maiores, como um Boeing 777, com capacidade para 360 pessoas. Alguns percebem que em realidade as poltronas poderiam ser mais espaçosas, já que durante umas 12 horas a pessoa fica basicamente restrita a elas. As pequenas filas para usar os sanitários, as crianças de colo que choram durante quase todo o vôo... etc.
Avião é um meio de transporte seguro, amigável (dependendo de quem senta ao seu lado), civilizado (pela quantidade de elementos sociais que encerra), limpo e surpreendente pela maneira como une mundos distantes em poucas horas.
Escrevo estas linhas no aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia; estou a caminho de Cuiabá, há muito mais de 1000 quilômetros daqui. Chegarei em duas horas lá, arrumarei o relógio (uma hora a menos), darei aulas, estarei com amigos, e farei tudo isso porque existe este passarinho de metal que transcende as nuvens.
Um abraço,
Lúcio